12/23/2016

O RIO QUE ENCONTRA O MAR



Em 2017, o Comitê Tijucas Biguaçu deve envolver 100 pescadores, em quatro importantes colônias de pesca do Estado de Santa Catarina. O estudo alerta para o desaparecimento de espécies marinhas importantes que dependem do frágil ecossistema da região.

Por William Wollinger Brenuvida, jornalista

Entre os princípios e objetivos de um comitê de bacia hidrográfica está a proteção e a preservação da água. Apenas a água doce? Perguntaria um leitor desatento. A água doce que nasce quilômetros de distância do litoral vai, em dado momento, ter seu encontro com o oceano. É como se o final do rio fosse eternamente o recomeço da vida, no mar. O mar nos dá alimento e lazer, e se bem cuidado, o mar possibilita riquezas, distribuição de renda e um novo modal de transporte. Foi com o intuito de entender, proteger e preservar o importante Bioma Marinho, que o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos Rios Tijucas e Biguaçu, e bacias contíguas abraçou o projeto Informar: tubarões e raias. O comitê, que há tempos, já se preocupava com limpeza de rios e praias, tem ampliada sua área de atuação em um projeto que vai levar sensibilização ambiental, informações e conhecimentos, e permitir um olhar mais amplo sobre os desafios que uma Bacia Hidrográfica possui: garantir qualidade e quantidade de água potável, e dialogar com os setores produtivos sempre primando pela resolução dos conflitos da população da bacia hidrográfica.  

Neste mês de dezembro, o engenheiro de aquicultura Tiago Manenti Martins, técnico do Comitê Tijucas Biguaçu participou do curso "Biologia de Tubarões e Raias", oferecido pelo Laboratório de Biologia de Teleósteos e Elasmobrânquios da Universidade Federal de Santa Catarina. O intuito do curso, ministrado por Renato Freitas, professor doutor, é a preservação dos ecossistemas marinhos. O curso teórico-prático apresentou a importância ecológica dos tubarões e raias e sua relação com a pesca. Também, foram abordados os desafios científicos, biológicos, sociais, econômicos e ambientais relacionados a preservação dos ecossistemas marinhos.

Sensibilização ambiental como ferramenta inclusiva
As ações do projeto inforMAR - Tubarões e Raias, financiado pelo Instituto Linha D'Água, tem por
objetivo promover a sensibilização ambiental a partir da percepção de pescadores em relação às interações da pesca costeira artesanal com os elasmobrânquios na Baía de Tijucas (SC). O projeto que alia conhecimento ecológico local à pesquisa científica opera na linha da conscientização para proteger e preservar os ecossistemas marinhos, que hoje figuram num debate nacional sobre a ideia de um Bioma Marinho.

O Informar vai atuar em quatro municípios: Bombinhas, Governador Celso Ramos, Porto Belo e Tijucas com entrevistas com pelo menos, 100 pescadores. Haverá palestras e campanhas de sensibilização observando a importância dos tubarões e raias e também da qualidade dos ecossistemas marinhos a partir do conhecimento ecológico dos pescadores artesanais. Ao final, o projeto deve produzir um livro impresso e um vídeo-documentário.

12/07/2016

O CAMINHO DO RECONHECIMENTO

Com cinco anos de existência e responsável por três comitês de bacias hidrográficas, associação mostra que há espaço para o debate sobre recursos hídricos em Santa Catarina.

Por William Wollinger Brenuvida, jornalista

ACAT na certificação social na 6ª edição do prêmio catarinense. Sandra Tiezerini e José Leal representam a entidade
A 6ª edição do evento que premia entidades sem fins econômicos, empresas públicas e privadas por ações que envolvimento ações sociais e socioambientais conferiu a Associação Caminho das Águas do Tijucas (ACAT) a Certificação de Responsabilidade Social. Mais de 50 entidades estaduais receberam a premiação que é uma iniciativa da Comissão Mista de Certificação de Responsabilidade Social composta pela Alesc, Acaert, ADI, Adjori, Conede, CRC/SC, Facisc, Fampesc, Fatma, Fiesc, Fecomércio, ICOM, OAB/SC, Ocesc, OSSJ e Sebrae.

O evento que ocorreu nesta terça-feira, 6/12, no Plenário Osny Régis, na
Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), em Florianópolis, lembrou projetos sociais como aquele realizado pelo Instituto Pe. Vilson Groh (IVG), com crianças e adolescentes na periferia da capital. O evento também premiou instituições como a mantida pela empresa Dudalina que se destacou na Economia Solidária e redução de danos ao Meio Ambiente. A ACAT foi representada por Sandra Tiezerini, presidente da entidade, e contou com a participação do secretário-executivo do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos rios Tijucas e Biguaçu, e bacias contiguas, o vereador por Tijucas, José Leal Silva Junior.

Com cinco anos de atividade, a ACAT é uma entidade delegatária, uma espécie de Organização Não-Governamental que coordena/gerencia três comitês de bacias: Tijucas-Biguaçu, Cubatão e Camboriú pelo fato de um comitê de bacias não possuir personalidade jurídica, operando na lógica de um parlamento ou fórum das águas. Os três comitês juntos são responsáveis por debater a água de qualidade que abastece mais de um milhão e meio de habitantes do litoral catarinense.

12/03/2016

A FASE É DE RECUPERAÇÃO (III)

Iniciativa para recuperação de rios pode evoluir para Duas propriedades com características diversas recebem do Pacto pela Mata Ciliar mais 152 mudas para preservar a água de nossa bacia.

William Wollinger Brenuvida, jornalista (5177-SC)


Para o pesquisador ir a campo é mais que uma necessidade da comprovação de um fato. Coleta-se os dados, classificando-os a partir de dada metodologia. Em tese, seria apenas utilizar o aprendizado dos tempos de universidade. Em tese. Porque aquilo que fazemos, no âmbito de um comitê de bacia hidrográfica vai além da aplicação de um conhecimento exato. Porque trabalhar a terra, seus elementos, colocar a terra à prova, no laboratório e até mesmo em uma descrição teórica se torna simples diante de um outro desafio: o diálogo com o agricultor, com o pecuarista, com o consumidor de água, também com os grandes usuários de água e as autoridades ambientais. Sem o diálogo não há pacto. Sem pacto o ambiente é apenas meio.

Na manhã e tarde desta quinta-feira, 1/12, três municípios de nossa bacia receberam a visita do secretário executivo José Leal Silva Junior, e da bióloga Aline Luiza Tomazi, do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos Rios Tijucas e Biguaçu, e bacias contíguas. Houve duas ações: a reunião com a prefeitura de Nova Trento, onde foi debatido o retorno das ações entorno do bairro Trinta Réis; e as visitas em áreas passíveis de recuperação em Nova Trento, Governador Celso Ramos e Tijucas. As ações tiveram a presença de membros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e da Eletrosul Centrais Elétricas S.A. A Eletrosul tem um passivo ambiental na ordem de 70 hectares para cumprir, e os municípios visitados podem receber o apoio técnico e logístico da empresa para executarem a recuperação ambiental. E Eletrosul está renovando licenças ambientais, justificando a presença do Ibama.

MATA CILIAR
O Pacto pela Restauração da Mata Ciliar é um acordo realizado entre o Comitê de Bacia Hidrográfica dos Rios Tijucas e Biguaçu com o proprietário de área a ser recuperada, especialmente nas margens de rios, lagos e lagoas. Espaços públicos também entram nesse processo de recuperação. No ano de 2016, praças públicas em Porto Belo e Governador Celso Ramos receberam mudas nativas produzidas em nosso viveiro de mudas localizado no município de Bombinhas. Até o presente momento, o Pacto da Mata Ciliar já distribuiu mais de 8 mil mudas, em mais de 60 propriedades, envolvendo principalmente a comunidade escolar, e restabelecendo a vida em uma área de aproximadamente oito campos de futebol.

Na atividade desta quinta-feira, 1/12, foram visitados o Rio do Braço (Nova Trento), Rio Areias (Governador Celso Ramos), e áreas no município de Tijucas, na localidade de Santa Luzia. As ações no Rio Areias tem apoio do Instituto Chico Mendes para Biodiversidade (ICMbio).

Junte-se você também a este pacto pela vida!

Mais informações: 48 3263 6563 – comitetijucas@gmail.com

A FASE É DE RECUPERAÇÃO (II)

Duas propriedades com características diversas recebem do Pacto pela Mata Ciliar mais 152 mudas para preservar a água de nossa bacia.

William Wollinger Brenuvida, jornalista (5177-SC)

Continuando nossa série de pequenas matérias sobre as áreas de recuperação ou como alguns assim o
preferem denominar “restauração” da mata ciliar, no âmbito da Bacia Hidrográfica dos Rios Tijucas e Biguaçu, nós apresentamos o avanço de nossas atividades em duas propriedades da Bacia: na localidade do Campo Novo, Município de Tijucas; e em uma área no Município de Rancho Queimado. As ações, respectivamente, ocorreram nas propriedades de Natal Bianchezzi, no dia 21 de novembro; e de Rui Sachtleben, no dia 24 de novembro de 2016.

Novas práticas
Com auxílio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os técnicos do Comitê Tijucas Biguaçu passam a implementar nova metodologia em algumas propriedades adesistas do Pacto pela Mata Ciliar. Uma dessas propriedades pertence a Natal Bianchezzi. Morador na localidade do Campo Novo, em Tijucas, Natal Bianchezzi aderiu ao Pacto da Mata Ciliar porque pensa em melhorar o potencial de sua propriedade. “O Comitê mostra um novo caminho para o agricultor no chamado consórcio com outras espécies. Quem vive da terra, precisa que o solo não fique pobre”, ressalta o proprietário que recebeu 50 mudas de variadas espécies. Na nova metodologia estabelecida na propriedade de Natal Bianchezzi, as mudas de árvores nativas serão transplantadas com a semeadura direta de feijão guandu.

O feijão Guandu ou Andu permite o enriquecimento do solo. Por ser uma leguminosa, esta planta se associa com bactérias do gênero Rhizobium em suas raízes, aumentando a quantidade de nitrogênio no solo. Estudos realizados pela Embrapa demonstram que o feijão guandu é capaz de crescer em solo com Brachiaria, espécie exótica (africana) e invasora que dificulta em muito a recuperação de áreas degradadas. O terreno de Natal Bianchezzi possui Brachiarias em demasia, e o proprietário entende que a Brachiaria afeta diretamente a produção agrícola da propriedade.
Se a propriedade de Natal Bianchezzi, localizada no baixo vale do Rio Tijucas possui características de um solo mais arenoso e assiste os afluentes do Rio Tijucas deslizarem mais lentamente – planície – nós observamos uma característica diversa na propriedade de Rui Sachtleben, em Rancho Queimado, Alto Vale do Rio Tijucas.

Com clima bem mais ameno, Rancho Queimado, chama a atenção de pesquisadores e ambientalistas por possuir nascentes de, pelo menos, quatro importantes rios catarinenses: o Tijucas, o Cubatão, o Itajaí, e também o Tubarão. A propriedade de Rui Sachtleben recebeu 102 mudas, entre as quais: araucária, ipê, açoita cavalo, e chal chal. O proprietário também se comprometeu a reduzir, controlar o aparecimento do Pinus Eliots, espécie exótica e invasora que é prejudicial aos mananciais de água, a agricultura, e a fauna terrestre e avifauna.

Se Natal Bianchezzi possui uma área de recuperação de 444 m², em um importante afluente do Rio Tijucas, o Ribeirão Campo Novo, utilizando esta área para agricultura, Rui Sachtleben possui uma propriedade com as seguintes características: 800 m² de recuperação, em um afluente do Rio das Antas, propriedade utilizada para o lazer, em forma de pequeno sítio.

Independentemente de onde o comitê Tijucas Biguaçu atue, se em propriedades rurais para o lazer ou para agropecuária, as propriedades são devidamente cadastradas e monitoradas. Neste final de ano de 2016, dois proprietários se somam aos esforços de cuidados de nossas nascentes e rios de nossa Bacia. E a fase que é de recuperação, também se observa como fase de importante mudanças em nossa prática socioambiental e socioeducativa para consolidação e aperfeiçoamento da legislação que preserva os recursos hídricos.

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