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1/27/2017

INFORMAR: PRIMEIROS PASSOS

Pelo menos 100 pescadores, em quatro importantes colônias de pesca catarinenses, devem ser beneficiados em projeto que une experiência e prática socioambiental. Estudo alerta para o desaparecimento de espécies marinhas importantes que dependem do frágil ecossistema da região.

Por William Wollinger Brenuvida, jornalista

Há certa ansiedade antes do anúncio de um edital. Você ou a entidade a que
compartilha experiências, vence. A ansiedade cede lugar à euforia. Há um certo êxtase nisso tudo. A entidade divulga, partilha, multiplica os frutos da nova descoberta. Com o tempo, as tarefas se desdobram. E não há lugar para rotina. Em 2016, a Associação Caminho das Águas do Tijucas (ACAT) venceu o edital do projeto inforMAR - Tubarões e Raias, financiado pelo Instituto Linha D'Água. E é o Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas dos Rios Tijucas e Biguaçu, e bacias contíguas que passa a operacionalizar as ações do projeto que vai atuar juntamente a pescadores dos municípios de Bombinhas, Governador Celso Ramos (Ganchos), Porto Belo e Tijucas. As ações visam sensibilizar ambientalmente, além de colher dados e informações sobre espécies em risco de extinção no litoral catarinense.

Iniciam as atividades…
Dois importantes encontros, na manhã e tarde desta sexta-feira, 27.01.2017, marcaram o início dos trabalhos do projeto Informar: tubarões e raias. Com o objetivo de sensibilizar para conservação, coletando dados e informações acerca das espécies de tubarões e raias em nosso litoral, membros do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos rios Tijucas e Biguaçu, e Bacias contíguas se reuniram com os secretários Narbal Andriani Junior, do Meio Ambiente do Município de Tijucas; e Gil Marcos dos Santos, da Pesca de Governador Celso Ramos.

Com o objetivo de promover a sensibilização ambiental a partir da percepção de
pescadores em relação às interações da pesca costeira artesanal com os elasmobrânquios na Baía de Tijucas (SC), as reuniões que hoje transcorreram, elas contaram com a participação do engenheiro de aquicultura Tiago Manenti Martins, técnico do comitê; do secretário-geral do comitê José Leal Silva Junior, e do jornalista William Wollinger Brenuvida.

O material publicitário aprovado no âmbito do comitê de bacias já está pronto, e passa a ser distribuído a partir da primeira semana de fevereiro. Também, começam a coleta de dados entre pescadores e demais lideranças da pesca nos quatro municípios da Baía de Tijucas. O resultado das pesquisas vai resultar na elaboração de um livro, e de um vídeo-documentário. Também, estão previstas palestras com pescadores.

No passado, as mangonas e muito peixe…
A Baía de Tijucas foi reconhecidamente um lugar muito piscoso no passado recente. De acordo com a professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Célia Maria e Silva, Ganchos, hoje município de Governador Celso Ramos, foi a segunda economia pesqueira catarinense nas décadas de 1960 e 1970. Na contabilidade dessa pesca entrava a pesca do cação-mangona, espécie de tubarão que era muito comum na região centro-leste catarinense. Também chamado de tubarão touro ou tubarão cinza (carcharia taurus), a espécie está em estágio vulnerável de extinção. Curiosamente, essa espécie se alimenta de lagostas, polvos, lulas, também pequenos peixes, e raias. As raias são objeto deste estudo. 

De acordo com Abelardo Oliveira, pescador aposentado com mais de 70 anos de idade, e residente em Canto dos Ganchos, Governador Celso Ramos, Ganchos forneceu pescadores especialistas na pesca da mangona onde estão escritos os nomes de Itamar Manoel Marcelino (já falecido), Valdemiro e Dalmiro Lobo (pai e filho já falecidos), e Hugo Alves. Abelardo que nasceu na Ilha do Arvoredo conta que eles pescavam para sustentar as famílias, e que, as mangonas eram compradas por negociantes japoneses que tinham interesse apenas nas barbatanas. “Nós gostamos de um cação desfiado na panela, não há nada de errado nisso. Mas, nós chegávamos na praia com as lanchas atupetadas de mangona. Os japoneses queriam apenas as barbatanas. Vai entender, não é?”, menciona Abelardo que mostra as cicatrizes dos tempos de pesca, anos contatados desde os 15 anos de idade quando foi pescar para ajudar no sustento da casa.

1/18/2017

MAIS RECURSOS PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS



Investimentos do governo estadual permitem sobrevida aos comitês de bacias hidrográficas em região que reúne mais de 1 milhão de consumidores de água.

Por William Wollinger Brenuvida, jornalista. Com apoio da SDS.

O governo catarinense parece ter despertado para a questão dos recursos hídricos e salvaguarda da água como bem de uso comum de todos. Também, a atuação dos 16 comitês de bacias em Santa Catarina que buscaram maior interação com as populações da bacia foi primordial para um maior estreitamente entre Estado e Comitês. Prova disso é a assinatura, nesta terça-feira, 17/1, do convênio entre a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para elaboração dos planos de recursos hídricos das bacias hidrográficas dos rios: Cubatão, da Madre, Tijucas, também do Biguaçu e bacias contíguas.

O Comitê Tijucas-Biguaçu contou a presença do presidente Adalto Gomes, que é vice-prefeito do município de Tijucas, do secretário-geral José Leal Silva Junior, vereador por Tijucas, e do técnico Tiago Manenti Martins, engenheiro de aquicultura. Já o Comitê Cubatão esteve representado pela presidente Sandra Eliane Michel. A comitiva tijucana e a representando do Cubatão acompanharam a assinatura do convênio promovido pela SDS, aproveitando o momento para estreitar laços com o secretário de Estado Carlos Chiodini, que vem incentivando e apoiando ações nos comitês de bacias em sua gestão.

Carlos Chiodini observa que a parceria entre o setor público e instituições de ensino podem garantir aplicações corretas de recursos e experiências compartilhadas na gestão das águas. “O planejamento na gestão das águas define as melhores alternativas de utilização dos recursos hídricos, de modo a produzir os resultados econômicos, sociais e ambientais favoráveis. Estamos planejando o futuro de um dos maiores bens da humanidade”, afirma Chiodini.

Serão aplicados R$ 1.955.358,00 para a elaboração dos estudos. Os recursos disponibilizados pela SDS por meio do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) estão disponíveis para Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc) desde o final do ano de 2016. 

Planos de bacias
Os planos de bacias definem as diretrizes para o desenvolvimento local e
regional, bem como as metas para recuperação, preservação e conservação ambiental. O estudo vai gerar uma base de dados atualizada para a gestão efetiva dos recursos hídricos, garantindo o seu uso doméstico, industrial e comercial, bem como o ecológico.
Em 2016, a SDS repassou R$ 3.580.500,00 para elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos e dos Planos de Bacia dos Rios Camboriú, Itapocu e das Antas, além de R$ 800 mil para os 16 comitês de bacias hidrográficas do Estado.

As bacias do Cubatão e Tijucas-Biguaçu
Somadas as bacias hidrográficas dos Rios Cubatão, da Madre, Tijucas e Biguaçu e suas bacias contíguas possuem a maior densidade demográfica do Estado de Santa Catarina. As principais atividades econômicas são representadas por pequenas e médias indústrias, turismo, produção de hortaliças e pesca. “O rio Cubatão é a reserva técnica do abastecimento de água da Grande Florianópolis. Ter informações precisas sobre ele nos garante um futuro às próximas gerações. Hoje é um dia memorável”, declara a presidente do comitê de bacia hidrográfica do Rio Cubatão, Eliane Michels.

Já o presidente do Comitê Tijucas-Biguaçu, Adalto Gomes, enfatizou que é preciso investir nos comitês de bacias hidrográficas, e que, os rios Tijucas e Biguaçu também são alvo das intenções do governo para abastecimento da grande Florianópolis, Vale do Tijucas e Costa Esmeralda. “É preciso investir nos comitês, estudar a potencialidade de nossos rios para garantir água de qualidade e quantidade para população das bacias.”, completou Adalto Gomes.

A bacia hidrográfica dos rios Tijucas e Biguaçu abrange os municípios: Angelina, Antonio Carlos, Biguaçu, Bombinhas, Canelinha, Governador Celso Ramos, Itapema, Major Gercino, Nova Trento, Porto Belo, São João Batista, Ranchos Queimado e Tijucas. Já a bacia do Rio Cubatão, da Madre e contíguas, compreende Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Pedro de Alcântara, São José, Florianópolis, Palhoça, Paulo Lopes e Garopaba. As bacias juntas somam mais de um milhão de pessoas que são consumidores de água.